No último 6 de abril de 2025, completou-se 55 anos da morte de Joanna da Rocha Santos, mais conhecida como Dona Noca — uma das figuras mais marcantes da história política do Maranhão e uma das mulheres primeiras a comandar um município no Brasil. Nascida em São João dos Patos, em 18 de dezembro de 1892, e falecida em Floriano, no Piauí, aos 77 anos, Dona Noca deixou um legado de coragem, pioneirismo e liderança que atravessa gerações.
Em 1934, em pleno cenário de conservadorismo político e social, ela se tornou a primeira mulher prefeita do Maranhão e a segunda do país. Nomeada chefe do executivo municipal de São João dos Patos, sua liderança se estendeu até 1951, período no qual se consolidou como uma força política e administrativa sem precedentes. Em 1954, foi eleita prefeita pelo voto direto, reafirmando seu prestígio e conexão com o povo, e governou até 1959.
Filiada ao Partido Social Democrático (PSD), Dona Noca não se limitou aos espaços convencionais da política: exerceu, com bravura, as funções de Promotora de Justiça, Juíza de Paz e Delegada. Sua casa, um casarão histórico localizado no centro de São João dos Patos, abrigava a Delegacia, a Prefeitura e o Tribunal local — símbolo da força e da centralidade de sua figura na administração do município. A sede do governo municipal permaneceu naquele imóvel até o início dos anos 2000.
Mas talvez o momento mais emblemático de sua trajetória tenha sido durante a Revolta das Oposições Aliadas, em 1950. Revoltada com a anulação dos votos do candidato Saturnino Bello nas eleições estaduais, Dona Noca liderou um levante de 12 mil homens do Sertão Maranhense rumo à capital, na tentativa de impedir a posse de Eugênio Barros. Sua ousadia ganhou destaque nacional: foi chamada de “fabulosa mulher do sertão maranhense” pela revista O Cruzeiro e “coronela do sertão” pela Revista do Globo.
Empresária forte, oriunda de uma família ligada ao comércio e à produção, Dona Noca sempre rompeu barreiras de gênero. Em uma época em que a política era dominada por homens, ela enfrentou o patriarcado com altivez, inteligência e determinação.
Da Rádio Sertão Web